Skip to main content

Tristeza Parasitária Bovina: o maior problema da bovinocultura

08 February 2024

O complexo Tristeza Parasitária Bovina é um conjunto de doenças causadas pelos protozoários do Babesia bovis e Babesia bigemina e também pela bactéria riquetsia Anaplasma marginale, as infecções podem ser mistas onde há mais de um agente envolvido, ou podem ser isoladas, onde há apenas um agente envolvido (SACCO, 2002).

É uma doença amplamente difundida em todo o território nacional, o seu vetor biológico é o carrapato-do-boi (Riphicephalus boophilus microplus), o qual transmite tanto as babesioses quanto a anaplasmose. No caso da Anaplasma marginale, ela também pode ser transmitida através de fômites como agulhas contaminadas e também através de moscas hematófagas (CORTELLINI;  SAGUANINI;  PASQUALI,  2018; SACCO, 2002)

Onde há predominância da atividade leiteira em confinamento, o carrapato não tem sido um inimigo tão fervoroso, devido as condições inadequadas para seu desenvolvimento em sistemas Compost Barn e Free stall, (MUNIZ, et al, 2021) no entanto observa-se que de anaplasmose tem se desenvolvido apesar da ausência de carrapatos, então os principais inimigos se tornaram as moscas (WILSON, 1968). A capacidade da anaplasmose de permanecer na forma subclínica, ou seja, sem manifestar sinais clínicos, propicia a propagação da doença em sistemas confinados onde o controle das moscas é ineficiente (GANGULY, et al, 2018).

O diagnóstico pode ser realizado a campo através do esfregaço sanguíneo de sangue periférico e também com sangue total, o primeiro deve ser utilizado para diagnóstico principalmente das babesioses, uma vez que estas parasitam principalmente sangue periférico, o sangue total pode ser utilizado para diagnóstico de anaplasmose, pode ser encontrada em todo o sangue do animal. O esfregaço sanguíneo é de suma importância para estabelecer formas de tratamento e prevenção de forma mais assertiva, uma vez que os parasitas possuem formas de prevenção e de tratamento distintas (MARTINS & CORRÊA, 1995).

O tratamento da TPB consiste da quimioterapia através do uso de Diaceturato de Diminazeno que possui ação frente as babesioses e baixa ação frente a anaplasmose, a antibioticoterapia com uso de Oxitetraciclina ou Enrofloxacina para tratamento da anaplasmose (MELO & CARVALHO NETA, 2009; GONÇALVES, 2000; SANTOS et al., 2019; ALBERTON, et al. 2015). Outros medicamentos como Butafosfan e Cianocobalamina auxiliam na recuperação do animal estimulando o consumo e metabolismo corporal além de estimular a hematopoiese (PANIZ et al., 2005).

Alguns casos onde o hematócrito do animal se encontra abaixo de 15% é indicada a realização de transfusão sanguínea. O volume a ser transfundido deve ser em torno de 10 a 20 mL/Kg de peso vivo, ou seja um animal que pesa 600 Kg pode receber um volume entre 6 e 12 L de sangue (HUNT & WOOD, 1999).

A prevenção da TPB pode ser realizada através do uso de doses subterapeuticas de Oxitetraciclina e Diaceturato de Diminazeno ou com o Dipropionato de Imidocarb, ambas as formas de prevenção possuem eficácia comprovada, no entanto o controle do carrapato e também de moscas hematófagas, manejos vacinais com troca ou limpeza de agulhas também podem ser adotados para minimizar a transmissão dos patógenos (MELO; CARVALHO NETA, 2009; MARMITT, et al, 2012; GONÇALVES, 2000).

 

Referencias

 

ALBERTON, L. R. et al. Eficácia do dipropionato de imidocarb, da enrofloxacina e do cloridrato de oxitetraciclina no tratamento de bovinos naturalmente infectados por Anaplasma marginale. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 67, p. 1056-1062, 2015.

 

CORTELLINI,  D.;  SAGUANINI,  G.;  PASQUALI,  A.  K.  S. Tristeza  parasitária  bovina  em  bovino  de herval d’oesste, Santa  Catarina -relato  de  caso. Seminário  de  Iniciação  Científica  e  Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão, 2018.

 

GANGULY, A.; et al. Molecular diagnosis and haemato-biochemical changes in Anaplasma marginale infected dairy cattle. Indian Journal of Animal Sciences ed 88 vol9: pag 989–993, September 2018.

 

GONÇALVES, P. M.. Epidemiologia e controle da tristeza parasitária bovina na região sudeste do Brasil. Ciencia Rural, v30, Mar 2000 DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-84782000000100030

 

HUNT, E.; WOOD, B. Use of blood and blood products. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 15, n. 3, p. 641-662, 1999.

 

MARMITT, I. V. P.; et al. Avaliação do desempenho de diferentes drogas quimioprofiláticas contra agentes da tristeza parasitária subclínica no ganho de peso em novilhos na região sul do RS. 21º Congresso de Iniciação Cientifica, Universidade Federal de Pelotas, 2021.

 

MARTINS; J. R.; CORRÊA, B. L.. Babesiose e anaplasmose bovina: aspectos destas enfermidades. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v.1, n.1, p.51-58, 1995.

 

MELO, S. A.; CARVALHO NETA, A. V. Estratégias de controle na Babesia bovina Beefpoint educação, 2009.

 

MUNIZ, E. B.; et al. Compost barn containment demonstration unit in a small dairy property in the city of Douradina-MS. Revista online de extensão e cultura Realização, 2021.

 

PANIZ, C. et al. Fisiopatologia da deficiência de vitamina B12 e seu diagnóstico laboratorial. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 41, p. 323-334, 2005.

 

SACCO, A. M. S. Profilaxia da Tristeza Parasitária Bovina: Por quê, quando e como fazer. Embrapa Pecuária Sul-Circular Técnica (INFOTECA-E), 2002.

 

SANTOS, G. B. et al. Tristeza Parasitária em bovinos do semiárido pernambucano. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 37, p. 1-7, 2017. SANTOS, L. R. et al.. Carrapatos na cadeia produtiva de bovinos. Embrapa. Brasília, 2019.

 

WILSON B.H., Foote L.E. & Hollon B.F. 1968. Observations on horse fly abundance and the incidence of anaplasmosis in a herd of dairy cattle in Southern Louisiana. Proc. 5th National Anaplasm Conference, p. 173-177.